Agora são Horas e Minutos - Este blog está sendo encerrado! Pesquise os temas que tiver interesse ainda aqui mas visite-nos no novo blog: catolicosomos.blogspot.com, esperamos por você lá! Todas as publicações serão aos poucos transferidas para o novo blog.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Big Bang

Sobre o Big Bang
Prof. Felipe Aquino

Padre Lemaître e o Big Bang

Poucos sabem, mas foi um padre, Georges Lemaître (1894-1966), quem propôs a teoria do Big Bang. Em 1927, baseando-se em cálculos com a então recente teoria da relatividade geral, o jesuíta belga enfrentou Einstein e a comunidade científica da época para propor seu modelo cosmológico. É lamentável, portanto, que hoje fundamentalistas combatam a teoria do Big Bang como se fosse contrária ao relato bíblico do Gênesis. Até mesmo porque a exegese católica moderna também não vê problemas de incompatibilidade entre o Big Bang e o relato bíblico.

O termo Big Bang vem do inglês e significa, ao pé da letra, “grande bum”. Foi criado pelo astrofísico Fred Hoyle, que acreditava no universo estacionário, para ridicularizar a teoria. Acabou dando-lhe o nome. O primeiro a vislumbrar teoricamente a expansão do universo foi o russo Alexandrer Friedman, mas ele morreu logo e seguida e seu trabalho era essencialmente matemático, não físico. Foi o trabalho desenvolvido independentemente pelo padre Lemaître que ganhou destaque. A teoria prevê que o universo surgiu da explosão de um átomo primordial, infinitamente pequeno, quente e denso. Os físicos acreditam que antes do Big Bang não faz sentido falar na noção de tempo e nem de espaço. Depois dele, o cronômetro começou a correr e o universo a se expandir, crescendo sempre e sempre.

Lemaître teve muita audácia para divulgar seu modelo. A comunidade científica no início do século XX acreditava num universo estacionário, ou seja, parado e sempre do mesmo tamanho. Conforme o modelo cosmológico newtoniano. O próprio Einstein acreditava nisso e diminuiu o trabalho de Lemaître dizendo que “seus cálculos estão corretos, mas seu conhecimento de física é abominável”. Entretanto em 1929, o astrofísico americano Edwin Hubble provou observacionalmente que as galáxias estavam todas se afastando umas das outras. Exatamente como o jesuíta havia previsto, por meios teóricos, apenas dois anos antes. Esta prova era contundente e o sábio físico alemão voltou atrás. Einstein e Lemaître proferiram várias palestras juntos e numa delas, de pé depois de aplaudir, Einstein disse que aquela era “a mais bela e satisfatória explicação da criação” que ele já ouvira.

Tendo sua contribuição amplamente reconhecida, Lemaître foi homenageado por muitos órgãos científicos, e também por vários cientistas de renome. Mais do que isso, em 1936 o próprio papa Pio XI o indicou para a Pontifícia Academia de Ciências. E em 1960 recebeu do papa João XXIII o título de Monsenhor.

Hoje em dia, além da confirmação das observações de Hubble do afastamento das galáxias, há muitas outras provas diretas e indiretas da expansão do universo. As mais importantes são a radiação cósmica de fundo, a quantidade de hidrogênio e hélio detectáveis hoje e o acordo entre as idades das estrelas mais velhas e a prevista para o universo pelo Big Bang, 14 bilhões de anos. Cientificamente não há mais dúvidas quanto ao modelo do Big Bang. Somente alguns detalhes ainda estão em debate, mas que de maneira alguma ameaçam a certeza da teoria, quando vista em um panorama mais amplo.

Sob vários aspectos não é compreensível que algumas pessoas possam se colocar contra a teoria do Big Bang dizendo que ela contraria o relato bíblico do Gênesis. O reconhecimento pontifício recebido pelo padre Lemaître por causa de seu trabalho não é um atestado a favor da teoria. Entretanto, de certo modo, não pode deixar de ser entendido como uma aprovação do trabalho do jesuíta. Também a exegese moderna não lê no Gênesis um relato literal da criação. Porém, não pode-se deixar levar pelas interpretações puramente materialistas. Estas, se disfarçando de científicas, tentam confundir as pessoas argumentando que não há mais lugar para Deus na criação do mundo. Pelo contrário. Para o crente, fiel ao magistério da Igreja, há sempre um lugar privilegiado para Deus. Deve-se deixar sempre bem claro que a ciência explica o “como” (a teoria do Big Bang), mas não o “porquê” (Deus, para Sua glória e por causa de Seu amor).

Alexandre Zabot

alexandrezabot@gmail.com
www.astro.ufsc.br/~zabot
Físico, mestre e doutorando em Física pela UFSC

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Exorcismo

Uma leitora e amiga sugeriu esse tema para uma postagem. Achei interessante, já que é algo que gera receio e curiosidade, além de existirem muitos erros principalmente por parte dos leigos nesse sentido.
Seguem dois textos retirados do Veritatis Splendor - o segundo, escrito por nosso querido Papa Bento quando era cardeal.

***************************************************


NOVO RITO DE EXORCISMOS DA IGREJA CATÓLICA
Por A Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacrame
Tradução: Prof. Everton N. Jobim

Exorcismo

A Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, apresentou o novo rito de exorcismos em Janeiro de 1999. O prefeito da dita congregação , o Cardeal Medina, ensinou na ocasião os seguintes pontos:

O QUE É ?

: "O exorcismo é uma antiga e particular forma de oração que a Igreja emprega contra o poder do diabo "

Catecismo #1673:

" Quando a Igreja pede publicamente e com autoridade , em nome de Jesus Cristo, que uma pessoa ou um objeto seja protegido contra as investidas do maligno e sustraída de seu domínio, se fala de exorcismo. Jesus o praticou (cf. Mc 1:25s), dele tem a Igreja o poder e o oficio de exorcizar. (cf. Mc 3:15; 6:7.13; 16:17). Em forma simples, o exorcismo tem lugar na celebração do Batismo. O exorcismo solene só pode ser praticado por um sacerdote e com a permissão do bispo. Nestes casos é preciso proceder com prudência, observando estritamente as regras estabelecidas pela Igreja. O exorcismo intenta expulsar os demônios ou liberar do domínio demoníaco graças à autoridade espiritual que Jesus confiou à sua Igreja."

"Muito diferente é o caso das enfermidades, sobretudo psíquicas, cujo cuidado pertence à ciência médica. Portanto, é importante asegurar-se, antes de celebrar o exorcismo, de que se trata de uma presença do Maligno e não de uma enfermidade." (cf. CIC can. 1172).

Em que se fundamenta: O exorcismo tem como ponto de partida a fé da Igreja, segundo a qual existe Satanás e os outros espíritos malignos. A doutrina católica nos ensina que os demônios são anjos decaídos por causa de seus pecados, que são seres espirituais de grande inteligência e poder".

Por qué faz falta?: A capacidade do homem de acolher a Deus " é ofuscada pelo pecado, e , às vezes , o mal ocupa o lugar em que Deus quer viver. Por isso , Jesus Cristo veio liberar o homem do dominio do mal e do pecado. (...) Jesus Cristo expulsava os demônios e libertava os homens das possesões dos espíritos malignos para fazer-se presente no homem.
Quanto poder tem Satanás? "O poder de Satanás não é infinito", por que Deus permite que sejamos tentados " é um grande mistério".

Como nos influência o demônio? "O influxo nefasto do demônio e de seus sequazes é habitualmente exercitado por meio do engano, da mentira e da confusão. Assim como Jesus é a Verdade , o diabo é o mentiroso por excelência. Desde sempre, desde o inicio, a mentira tem sido sua estratégia preferida".

Mudou a doutrina da Igreja sobre o exorcismo?

Não mudou . Só houve algumas mudanças na linguagem do rito.
"Entre o rito anterior e o novo há uma grande continuidade ; não existe uma mudança radical.
A linguagem é mais sóbria; há menos adjetivos, mas a expressão de fé no poder de Deus para expulsar o demônio é a mesma em ambos os casos".

Criterios para discernir possessão diabólica segundo o novo ritual do exorcismo.
A principal é

-Aversão veemente a Deus, à Virgem , aos Santos, à cruz e às imagens sagradas.
Junto com esta podem dar-se outros fenômenos que , por si só , poderiam ser dom de Deus , mas no caso da possessão se manifestam para o mal.

-Falar com muitas palavras de línguas desconhecidas ou entendê-las.-Fazer presentes coisas distantes ou escondidas.-Demonstrar mais força física do que o normal.

Pode o demônio ter influência sobre lugares, objetos e pessoas?

Sim. Esta realidade se admite no ritual do exorcismo.

Há diferentes formas de influência demoníaca além da possessão?

Sim . No presente ritual se encontram o rito de exorcismo propiamente dito e as orações que devem ser recitadas publicamente quando se julga prudentemente que existe uma influência de Satanás sobre lugares, objetos ou pessoas, sem chegar à fase de uma possessão verdadeira e própia. Ademais, existe uma série de orações que os fiéis devem rezar privadamente quando têm fundadas suspeitas de que estão submetidos a influências diabólicas.

Quem pode praticar o exorcismo?

Na pegunta anterior vimos que o novo ritual contem orações que os fiéis podem rezar quando estão submetidos a influências diabólicas. Contudo , "Para praticar o exorcismo é necessária a autorização do bispo diocesano, que pode ser concedida para um caso específico ou de um modo geral e permanente ao sacerdote que exercita o ministério de exorcista na diocese".

Por que um novo ritual?

No último capítulo do ritual romano se ilustravam as indicações e o texto litúrgico dos exorcismos, mas ficou sem ser revisado depois do Concilio Vaticano II. Após um trabalho de 10 anos, em Janeiro de 1999 se tornou oficial o texto atual aprovado pelo Pontífice.

Todos os artigos disponíveis neste sítio são de livre cópia e difusão deste que sempre sejam citados a fonte e o(s) autor(es).

Para citar este artigo:

A CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO E A DISCIPLINA DOS SACRAME. Apostolado Veritatis Splendor: NOVO RITO DE EXORCISMOS DA IGREJA CATÓLICA. Disponível em http://www.veritatis.com.br/article/1379. Desde 6/23/2003.

***********************************

Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé
24.09.1985

Excelentíssimo Senhor,
Se somos pais conscientes das nossas responsabilidades e amamos nossos filhos, fazemos todo o bem possível a eles sem querermos nada em troca.

Há alguns anos, certos grupos eclesiais multiplicam reuniões para orar no intuito de obter a libertação do influxo dos demônios, embora não se trate de exorcismo propriamente dito. Tais reuniões são efetuadas sob a direção de leigos, mesmo quando está presente um sacerdote. Visto que a Congregação para a Doutrina da Fé foi interrogada a respeito do que pensar diante de tais fatos, este Dicastério julga necessário transmitir a todos os Ordinários a seguinte resposta:

O cânon 1172 do Código de Direito Canônico declara que a ninguém é lícito proferir exorcismo sobre pessoas possessas, a não ser que o Ordinário do lugar tenha concedido peculiar e explícita licença para tanto (1º). Determina também que esta licença só pode ser concedida pelo Ordinário do lugar a um presbítero dotado de piedade, sabedoria, prudência e integridade de vida (2º). Por conseguinte, os srs. Bispos são convidados a urgir a observância de tais preceitos.

Destas prescrições, segue´se que não é lícito aos fiéis cristãos utilizar a fórmula de exorcismo contra Satanás e os anjos apóstatas, contida no Rito que foi publicado por ordem do Sumo Pontífice Leão XIII; muito menos lhes é lícito aplicar o texto inteiro deste exorcismo. Os srs. Bispos tratem de admoestar os fiéis a propósito, desde que haja necessidade.

Por fim, pelas mesmas razões, os srs. Bispos são solicitados a que vigiem para que "mesmo nos casos que pareçam revelar algum influxo do diabo, com exclusão da autêntica possessão diabólica "pessoas não devidamente autorizadas não orientem reuniões nas quais se façam orações para obter a expulsão do demônio, orações que diretamente interpelem os demônios ou manifestem o anseio de conhecer a identidade dos mesmos. A formulação destas normas de modo nenhum deve dissuadir os fiéis de rezar para que, como Jesus nos ensinou, sejam livres do mal (cf. Mt 6,13). Além disso, os Pastores poderão valer´se desta oportunidade para lembrar o que a Tradição da Igreja ensina a rrespeito da função própria dos Sacramentos e a propósito da intercessão da Bem´Aventurada Virgem Maria, dos Anjos e dos Santos na luta espiritual dos cristãos contra os espíritos malignos. Aproveito o ensejo para exprimir a Vossa Excelência meus sentimentos de estima, enquanto lhe fico sendo dedicado no Senhor. Joseph Card. RatzingerPrefeito

Todos os artigos disponíveis neste sítio são de livre cópia e difusão deste que sempre sejam citados a fonte e o(s) autor(es).

Para citar este artigo:

JOSEPH, Cardeal Ratzinger. Apostolado Veritatis Splendor: QUEM PODE REALIZAR EXORCISMO ?. Disponível em http://www.veritatis.com.br/article/1375. Desde 6/16/2003.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

IRRECONCIABILIDADE ENTRE A FÉ CRISTÃ E A MAÇONARIA

IRRECONCIABILIDADE ENTRE A FÉ CRISTÃ E A MAÇONARIA
Por Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé

Tradução: Carlos Martins Nabeto
Fonte: Vaticano/VE Multimedios

Congregação para a Doutrina da Fé

IRRECONCIABILIDADE ENTRE A FÉ CRISTÃ E A MAÇONARIA
REFLEXÕES APÓS O 1º ANIVERSÁRIO DA DECLARAÇÃO DE 26.11.1983
DA CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ

Em 26 de novembro de 1983, a Congregação para a Doutrina da Fé publicou uma Declaração acerca das associações maçônicas. Pouco mais de um ano após a sua publicação, pode ser útil ilustrar brevemente o significado deste documento.

Desde que a Igreja passou a se pronunciar sobre a Maçonaria, seu juízo negativo sobre ela tem sido inspirado em múltiplas razões, práticas e doutrinas. A Igreja não tem julgado a Maçonaria apenas por ser responsável de atividade subversiva contrária à sua, mas desde os primeiros documentos pontifícios sobre a matéria, em particular na Encíclica "Humanum genus", de Leão XIII (20.04.1884), o Magistério da Igreja tem denunciado na Maçonaria idéias filosóficas e concepções morais opostas à doutrina católica. Para Leão XIII, tratava-se essencialmente de um naturalismo racionalista, inspirador de seus planos e de suas atividades contrárias à Igreja. Em sua carta ao povo italiano "Custodi" (08.12.1892), escrevia: "Recordemos que o Cristianismo e a Maçonaria são essencialmente inconciliáveis, a ponto de que a inscrição em uma implica separar-se da outra".

Não era possível, portanto, deixar de levar em consideração as posições da Maçonaria a partir do ponto de vista doutrinário, quando nos anos 1970-1980 a Sagrada Congregação mantinha correspondência com algumas Conferências Episcopais particularmente interessadas neste problema, em razão do diálogo sustentado entre personalidades católicas e representantes de algumas lojas que se declaravam não-hostis ou, inclusive, favoráveis à Igreja.

Um estudo mais profundo levou a Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé a reafirmar a convicção da impossibilidade de fundo para conciliar os princípios da Maçonaria e os da Fé Cristã.
Prescindindo, portanto, da consideração do comportamento prático das diversas lojas, da hostilidade ao menos na confrontação com a Igreja, a Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, mediante sua Declaração de 26.11.1983, tentou se colocar no nível mais profundo e, por outro lado, essencial do problema: isto é, no plano da impossibilidade de conciliar os princípios e o que isso significa no plano da fé e de suas exigências morais.

Partindo deste ponto de vista doutrinário, em continuidade com a posição tradicional da Igreja - como testemunham os documentos de Leão XIII supra mencionados - derivam-se a seguir as necessárias conseqüências práticas, que valem para todos aqueles fiéis que eventualmente estiverem inscritos na Maçonaria.

Em alguns setores surgiram objeções a respeito das afirmações acerca da impossibilidade de se conciliar os princípios, no sentido de que seria da essência da Maçonaria precisamente o fato dela não impor nenhum "princípio", significando uma posição filosófica ou religiosa que seja obrigatória para todos os seus membros, mas, pelo contrário, de acolher a todos, ultrapassando os limites das diversas religiões e visões do mundo, homens de boa vontade fundamentados em valores humanos compreensíveis e aceitos por todos.

A Maçonaria constituiria um ponto de coesão para todos aqueles que crêem no Arquiteto do Universo e se sentem comprometidos na luta por aqueles mandamentos morais fundamentais que encontram-se definidos, por exemplo, no Decálogo; a Maçonaria não afastaria ninguém de sua religião, mas, pelo contrário, constituiria um incentivo para um maior compromisso.

Os múltiplos problemas históricos e filosóficos que se escondem em tais afirmações não podem ser discutidos aqui. Após o Concílio Vaticano II certamente não é necessário sublinhar que a Igreja Católica alenta uma colaboração entre todos os homens de boa vontade. No entanto, associar-se à Maçonaria ultrapassa, evidentemente, esta legítima colaboração e possui um significado de relevância e especificidade bem maior.

Antes de mais nada deve-se recordar que a comunidade dos "Liberi Muratori" e suas obrigações morais se apresentam como um sistema progressivo de símbolos de caráter extremamente impositivo. A rígida disciplina do segredo que ali domina reforça, por fim, o peso da interação de sinais e idéias. Para os inscritos, este clima reservado comporta, entre outras coisas, o risco de terminar sendo um instrumento de estratégias para eles desconhecidas.

Inclusive, se se afirma que o relativismo não é assumido como um dogma, no entanto é proposta de fato uma concessão simbólica relativista e, assim, o valor relativizante de tal comunidade moral-ritual, longe de poder ser eliminado, resulta, pelo contrário, determinante.

Em tal contexto, as diversas comunidades religiosas a que pertencem os membros das lojas não podem ser consideradas senão como meras institucionalizações de um elo mais amplo e inacessível. O valor desta institucionalização mostra-se, portanto, inevitavelmente relativo a respeito desta verdade mais ampla, a qual se manifesta mais facilmente na comunidade da boa vontade, isto é, na fraternidade maçônica.

Ainda assim, para um cristão católico não é possível viver sua relação com Deus de uma maneira dupla, isto é, dividindo-a em uma forma humanitária-supraconfessional e em uma forma interior-cristã. Ele não pode cultivar relações de dois tipos com Deus, nem expressar sua relação com o Criador através de formas simbólicas de duas espécies. Isso seria algo completamente diferente daquela colaboração, que lhe é óbvia, com todos aqueles que estão comprometidos na realização do bem, ainda que partam de princípios diferentes. Por outro lado, um cristão católico não pode ao mesmo tempo participar da plena comunhão da fraternidade cristã e, por outra parte olhar para o seu irmão cristão, a partir da perspectiva maçônica, como um "profano".

Inclusive se - como já foi dito - não houvesse uma obrigação explícita de professar o relativismo como doutrina, ainda assim a força relativizante de uma tal fraternidade, por sua própria lógica intrínseca, tem em si a capacidade de transformar a estrutura do ato de fé de uma maneira tão radical que não pode ser aceita por parte de um cristão "que ama a sua fé" (Leão XIII).

Este transtorno na estrutura fundamental do ato de fé se dá, ademais, usualmente de uma maneira suave e sem ser advertida: a sólida adesão à verdade de Deus, revelada na Igreja, se converte em uma mera pertença a uma instituição, considerada como uma forma representativa particular juntamente com outras formas representativas, por sua vez mais ou menos possíveis e válidas de como o ser humano se orienta para as realidades eternas.

A tentação para seguir nesta direção é hoje tanto mais forte quanto esta corresponde plenamente a certas convicções predominantes na mentalidade contemporânea. A opinião de que a verdade não pode ser conhecida é característica de sua crise geral.

Precisamente considerando todos estes elementos, a Declaração da Sagrada Congregação afirma que a inscrição na Maçonaria "permanece proibida pela Igreja" e os fiéis que se inscrevem nela "estão em pecado grave e não podem se aproximar da Santa Comunhão".

Com esta última expressão, a Sagrada Congregação indica aos fiéis que tal inscrição constitui objetivamente um pecado grave e, fixando que os que aderem a uma associação maçônica não podem se aproximar da Sagrada Comunhão, quer iluminar a consciência dos fiéis sobre uma grave conseqüência a que devem chegar no caso de aderirem a uma loja maçônica.

A Sagrada Congregação declara, finalmente, que "não compete às autoridades eclesiásticas locais pronunciar-se sobre a natureza das associações maçônicas, com um juízo que implique a derrogação do quanto foi acima estabelecido". Com esta finalidade o texto faz também referência à Declaração de 17 de fevereiro de 1981, que já reservava à Sé Apostólica todo pronunciamento acerca da natureza destas associações que implicasse na derrogação da lei canônica então vigente (cân. 2.335).

Igualmente, o novo documento emitido pela Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé em novembro de 1983 expressa idênticas intenções de reserva em relação aos pronunciamentos que não coincidam com o juízo aqui formulado sobre a impossibilidade de conciliar os princípios da Maçonaria com a Fé Católica, sobre a gravidade do ato de inscrever-se em uma loja e sobre a conseqüência que disto se deriva para o acesso à Santa Comunhão. Esta disposição indica que, não obstante a diversidade que possa subsistir entre as obediências maçônicas, em particular quanto à sua postura declarada em face da Igreja, a Sé Apostólica volta a encontrar nelas princípios comuns que exigem uma mesma valoração por parte de todas as autoridades eclesiásticas

Ao fazer esta Declaração, a Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé não pretendeu desconhecer os esforços realizados por aqueles que, com a devida autorização deste Dicastério, buscaram estabelecer um diálogo com representantes da Maçonaria. Porém, a partir do momento em que existia a possibilidade de que fosse difundida entre os fiéis a equivocada opinião de que seria agora lícita a adesão a uma loja maçônica, considerou como seu dever dar-lhes a conhecer o pensamento autêntico da Igreja acerca deste assunto e colocá-los de prontidão diante de uma filiação incompatível com a Fé Católica.

Com efeito, apenas Jesus Cristo é o Mestre da Verdade e somente n'Ele podem os cristãos encontrar a luz e a força para viver segundo o desígnio de Deus, trabalhando pelo verdadeiro bem de seus irmãos.

[Publicado no L'Osservatore Romano, edição em italiano, de 23 de fevereiro de 1985, p. 1.]

________________________________________
Para citar este artigo:

SAGRADA CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ. Apostolado Veritatis Splendor: IRRECONCIABILIDADE ENTRE A FÉ CRISTÃ E A MAÇONARIA. Disponível em http://www.veritatis.com.br/article/4944. Desde 30/5/2008.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Padre Pio

Hoje é dia de Padre Pio... seguem notícias a respeito de seus estigmas



Revelam detalhes de primeiras investigações em vida dos estigmas do Padre Pio


ROMA, 22 Set. 08 / 10:35 am (ACI).- Em um artigo publicado em L'Osservatore Romano titulado "Uma história por reescrever", Francesco Castelli, perito biógrafo do Santo Padre Pio de Pietrelcina, dá a conhecer detalhes da primeira investigação realizada em 1921 por parte do Santo Ofício, agora Congregação para a Doutrina da Fé, para conhecer melhor a vida do sacerdote e comprovar a autenticidade dos estigmas.


Castelli, quem acaba de publicar em Milão seu livro "O Padre Pio sob interrogatório: A autobiografia secreta", com o prólogo de Vittorio Messori, explica que com a abertura dos arquivos que contêm esta valiosa informação ficam sepultadas algumas teses que afirmavam que este Dicastério não via com bons olhos ao santo capuchino, senão justamente o contrário: era grande o carinho e admiração por este homem de provada santidade.


Em 1921 o Santo Ofício encarregou a Dom Carlo Raffaello Rossi, quem seria logo cardeal, que visite Padre Pio para investigar de sua vida e a origem dos estigmas. Em seu informe, o Prelado escreve do santo: tinha "a testa alta e serena, o olhar vivaz, doce; e a expressão com reflexos de bondade e sinceridade".


A tarefa iniciada em 14 de junho desse ano se prolongou por 8 dias, nos que Dom Rossi observa ao detalhe ao Padre Pio. Escreve a respeito que com seus irmãos era muito gentil; muito amado por seus superiores por ser "grande exemplo e não murmurador"; transcorria de 10 a 12 horas ao dia confessando; e a celebração da Eucaristia a "fazia com extraordinária devoção".


O perito biógrafo precisa logo que a observação não foi suficiente e Dom Rossi decidiu interrogá-lo: foram 142 perguntas que o Padre Pio respondeu sob juramento com a mão sobre os Evangelhos. Com as respostas, explica Castelli, surgiu virtualmente uma autobiografia.


Perguntas como "Quem o tinha estigmatizado? por que razão? Confiou-lhe alguma missão?" foram respondidas serenamente pelo sacerdote desta forma: "Em 20 de setembro de 1918 logo depois da celebração da Missa enquanto estava no devido agradecimento no Coro repentinamente fui presa de um tremor, logo me chegou a calma e vi nosso Senhor na atitude de quem está na cruz, mas não vi se tinha a cruz, lamentando-se da má correspondência dos homens, especialmente dos consagrados a Ele que são seus favoritos. Aqui se manifestava que Ele sofria e desejava associar as almas a sua Paixão. Convidava-me a me compenetrar em suas dores e a meditá-los: e ao mesmo tempo me ocupar da saúde dos irmãos. Em seguida me senti cheio de compaixão pelas dores do Senhor e lhe perguntei o que podia fazer. Ouvi esta voz: 'associo-te a minha Paixão'. E em seguida, desaparecida a visão, tornei em mim, em razão, e vi estes sinais dos que saía sangue. Não os tinha antes".


Dom Rossi, explica Castelli, quis ir mais à frente. Pediu examinar as feridas e o fez. Enquanto olhava cada uma das feridas ia perguntando ao Padre Pio detalhes de cada uma. Pôde apreciar como a chaga de seu flanco, por exemplo, "trocava freqüentemente de aspecto e nesse momento tinha assumido uma forma triangular, nunca observada antes. Sobre as chagas o Padre Pio me dava respostas precisas e detalhadas explicando além que as chagas dos pés e do flanco tinham um aspecto iridescente".


Depois do exame, o Bispo escreveria: "os estigmas em questão não são nem obra do demônio nem um grosso engano, nem uma fraude, nem uma arte maliciosa ou malvada; menos produto da sugestão externa, nem tampouco as considero efeito de sugestão". Em definitiva, acrescentava Dom Rossi, os elementos distintivos "dos verdadeiros estigmas se encontrariam nos do Padre Pio". Outros detalhes como as febres muito altas e o perfume que percebeu ele mesmo, reconfirmavam o fato como certo.


Para Francesco Castelli o primeiro que emerge destas investigações é que o "temido dicastério romano não foi, nestas circunstâncias, um inimigo do Padre Pio senão justamente o contrário! Dom Rossi se revelou como um inquisidor preciso até o desespero mas também um homem amadurecido de autêntico valor, desprovido de durezas injustificadas para quem questionava".
Graças a estas investigações, o ex-santo Ofício possui uma crono-historia do Padre Pio escrita por seu "pai espiritual o sacerdote Benedetto, um documento riquíssimo de informação que até agora tinha sido quase ignorado".


Depois de explicar que depois de 1939 não há uma forma clara de contar o que aconteceu com o sacerdote capuchino que faleceu em 23 de setembro de 1968, Castelli relata a forma em que Dom Rossi lembraria, com suas próprias palavras, ao Santo: "o Padre Pio é um bom religioso, exemplar, exercitado na prática da virtude, dado à piedade e elevado talvez em graus de oração que vão além do externo, resplandecente em particular por uma profunda humildade e uma singular simplicidade que nunca vieram a menos nem sequer nos momentos mais graves, nos que estas virtudes foram postas a prova de maneira grave e perigosa".


Francesco Castelli é professor de História da Igreja Contemporânea no Instituto Superior de Ciências Religiosas Romano Guardini e Diretor do Arquivo Histórico da Diocese de Taranto.

Fonte: ACI Digital

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

O milagre de Lanciano










MILAGRE EUCARÍSTICO DE LANCIANO





Na antiga cidade de Lanciano na Itália; um povoado antiquíssimo que significa do primitivo Anxa para Anxia, Anxanum, Ansanum, Anciano (que significa precisamente "ancião", "velho"); conserva nos últimos doze séculos o primeiro e maior Milagre Eucarístico da Igreja Católica.




Esse Prodígio aconteceu no oitavo século de nossa era, por causa da dúvida de um Monge basiliano sobre a presença Real de Jesus na Eucaristia.


HISTÓRICO:

Por volta do ano 700, depois de Cristo, na cidade italiana de Lanciano, viviam no mosteiro de S. Legoziano os Monges de S. Basílio e entre eles havia um que acreditava mais na sua cultura mundana do que nas coisas de Deus. Sua fé parecia vacilante, tinha dúvida de que a hóstia consagrada fosse o verdadeiro Corpo de Cristo e o vinho o Seu verdadeiro Sangue...

Certa manhã, celebrando a Santa Missa, mais do que nunca atormentado pela sua dúvida, após proferir as palavras da Consagração, ele viu a hóstia converter-se em Carne viva e o vinho em Sangue vivo.








Sentiu-se confuso e dominado pelo temor, diante de tão espantoso milagre, permanecendo longo tempo transportado a um êxtase verdadeiramente sobrenatural. Até que, em meio a transbordante alegria, o rosto banhado em lágrimas, voltou-se para as pessoas presentes e disse:

"Ó bem-aventuradas testemunhas diante de quem, para confundir a minha incredulidade, o Santo Deus quis desvendar-se neste Santíssimo Sacramento e tornar-se visível aos vossos olhos. Vinde, irmãos, e admirai o nosso Deus que se aproximou de nós. Eis aqui a Carne e o Sangue do nosso Cristo muito amado!"

A estas palavras as testemunhas se precipitaram para o altar e começaram também a chorar e pedir misericórdia. Logo a notícia se espalhou por toda a pequena cidade, transformando o Monge num novo Tomé.

A Hóstia-Carne, como hoje se observa muito bem, tem o tamanho da hóstia grande atualmente em uso na Igreja Latina. É ligeiramente escura e quando olhada contra a luz adquire um colorido róseo.

O Sangue está coagulado em cinco glóbulos irregulares e diferentes um do outro em sua forma e tamanho tem cor de terra tendente ao ocre. Desde 1713 a Carne está conservada num artístico Ostensório de Prata, finamente cinzelado, estilo napolitano. O Sangue está contido numa rica e antiga ampola de cristal de rocha.

Os Frades Menores Conventuais custodiam o Milagre desde 1252, por determinação do Bispo de Chieti, Laudulfo, e por Bula Pontifícia de 12.05.1252. Antes disso, executavam essa tarefa os Monges Basilianos até 1176 e os Beneditinos de 1176 a 1252.

Em 1258 os Franciscanos construíram o Santuário atual que em 1700 sofreu uma transformação do estilo românico-gótico para o barroco.








Aos vários reconhecimentos eclesiásticos, feitos em fins de 1574, seguem-se em 1970-1971 - e retomados em 1981 - os reconhecimentos científicos, executados pelo prof. Edoardo Luioli (livre docente em Anatomia e Istologia Patológica e em Química e Microscopia Clínica), coadjuvado pelo prof. Ruggero Berteli da (Universidade de Siena).

As análises, procedidas com absoluto rigor científico e documental de uma série de fotografias ao microscópio, deram estes resultados:








- A Carne é carne verdadeira. O Sangue é sangue verdadeiro.




- A Carne e o Sangue pertencem a espécie humana.




- A Carne pertence ao Coração em sua estrutura essencial.




- Na Carne estão presentes, em secções, o miocárdio, o endocárdio, o nervo vago e,




- pela expressiva espessura do miocárdio, o ventrículo cardíaco esquerdo.




- A Carne e o Sangue pertencem ao mesmo grupo sanguíneo AB. (*)




- No Sangue foram encontradas as proteínas normalmente existentes e nas proporções percentuais idênticas às encontradas no sangue normal fresco.




- No Sangue foram encontrados também os minerais cloro, fósforo, magnésio, potássio, sódio e cálcio.




- A conservação da Carne e do Sangue miraculosos, deixados em estado natural durante doze séculos e expostos aos agentes físicos, atmosféricos e biológicos constitui um Fenômeno Extraordinário.

Outro detalhe inexplicável: pesando-se as pedrinhas de sangue coagulado (e todos são de tamanhos diferentes) cada uma delas tem exatamente o mesmo peso das cinco pedrinhas juntas! Deus parece brincar com o peso normal dos objetos.
E antes mesmo de redigirem o documento sobre o resultado das pesquisas, realizadas em Arezzo, os Doutores Linoli e Bertelli enviaram aos Frades um telegrama nos seguintes termos:








" Et Verbum caro factum est" = "E o Verbo se fez Carne!"
Concluindo, pode-se dizer que a Ciência, chamada a manifestar-se, deu uma resposta segura e definitiva a respeito da autenticidade do Milagre Eucarístico de Lanciano.

(*) Mesmo tipo sangüíneo encontrado na análise do Santo Sudário de Turim.








Perguntaram eles: Que milagre fazes tu, para que o vejamos e creiamos em ti? (Jo 6, 30).

É o maior milagre que acontece diariamente sobre o altar em cada Santa Missa através do sacerdócio ministerial ordenado.





Pelas palavras do Sacerdote ocorre a TRANSUBSTANCIAÇÃO de maneira invisível, o pão e o Vinho ofertados, são transformados pelo ESPÍRITO SANTO, na Carne e no Sangue Vivo de JESUS, embora permaneçam as aparências exteriores de pão e vinho.
É o verdadeiro sacrifício do calvário de JESUS que é renovado em cada Santa Missa. A vítima que é oferecida ao Pai; em reparação de nossos pecados.
Dessa forma Deus está materialmente visível no meio de nós.








Cristãos podem crer em outras formas de vida

Essa notícia foi divulgada no site Zenit em maio, mas como vi comentários errôneos ainda sobre os temas que falam esse texto, portanto, segue para conhecimento...
Nós católicos não podemos ficar "alienados"... ouvindo o que o Vaticano diz, sabemos como devemos entender esses assuntos.
Abraços !
João Batista
*******************************

CIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 16 de maio de 2008 (ZENIT.org).
O fato de ser cristão não contradiz admitir outras formas de vida, afirmou o astrônomo e sacerdote José Gabriel Funes, S.J., diretor do Observatório astronômico vaticano.

O sacerdote argentino, de 45 anos, discutiu o tema em uma entrevista concedida ao jornal vaticano «L’Osservatore Romano», na qual sustenta que poderiam existir outros seres viventes além dos conhecidos, «porque não podemos pôr limites à liberdade criadora de Deus».

«Para dizer como São Francisco, se consideramos as criaturas terrestres como ‘irmãos e irmãs’, por que não poderíamos falar também de um ‘irmão extraterrestre’? Formaria parte da criação».

O sacerdote propõe observar a imagem evangélica da ovelha perdida. «O pastor --explica-- deixa as noventa e nove no redil para ir buscar a que se perdeu. Pensemos que neste universo possa haver cem ovelhas, correspondentes a diversas formas de criaturas. Nós, que pertencemos ao gênero humano, poderíamos ser justamente a ovelha perdida, os pecadores que necessitam do pastor».

«Ainda que existissem outros seres inteligentes --observa--, não quer dizer que tenham de ter necessidade da redenção. Poderiam ter permanecido na amizade plena com seu Criador».

Em caso contrário, acrescenta, «estou seguro de que também eles, de algum modo, teriam a possibilidade de desfrutar da misericórdia de Deus, como sucedeu a nós, os homens».

Segundo o sacerdote, «a astronomia tem um valor profundamente humano»: «Abre o coração e a mente», «ajuda-nos a situar na justa perspectiva nossa vida, nossas esperanças, nossos problemas».

Neste sentido, comenta, «é também um grande instrumento apostólico que pode aproximar de Deus».

Quanto à origem do universo, o padre Funes afirma que considera a teoria do ‘big bang’ a mais confiável desde o ponto de vista científico, ainda seguindo crendo «que Deus é o criador do universo e que nós não somos o produto da casualidade, mas filhos de um bom pai, que tem para nós um projeto de amor».

«A Bíblia fundamentalmente não é um livro de ciência --comenta--. É uma carta de amor que Deus escreveu a seu povo, em uma linguagem que remonta há dois ou três mil anos. Naquela época, obviamente, era totalmente estranho um conceito como o do ‘big bang’. Portanto, não se pode pedir à Bíblia uma resposta científica».

A fé e a ciência, acrescenta o jesuíta, «não são irreconciliáveis» e é portanto «necessário» um diálogo com os homens da ciência.

«É o que dizia João Paulo II e tem repetido Bento XVI: fé e razão são as duas asas com que se eleva o espírito humano --constata. Não há contradição entre o que sabemos através da fé e o que aprendemos através da ciência. Podem existir tensões ou conflitos, mas não devemos ter medo. A Igreja não deve temer a ciência e suas descobertas».

O maior obstáculo na relação entre fé e ciência, admite, é a «ignorância». Por um lado, os cientistas deveriam aprender a ler corretamente a Bíblia e a compreender as verdades de nossa fé. Por outro lado, os teólogos e os homens da Igreja deveriam atualizar-se sobre os progressos da ciência, para conseguir dar respostas eficazes às questões que esta apresenta continuamente».

«Lamentavelmente, também nas escolas e nas paróquias falta um itinerário que ajude a integrar fé e ciência. Os católicos frequentemente ficam relegados aos conhecimentos aprendidos no tempo do catecismo. Creio que este é um verdadeiro desafio do ponto de vista pastoral».

Nesta situação, o Observatório vaticano tem a tarefa de «explicar aos astrônomos a Igreja e à Igreja a astronomia».

«Somos como uma ponte, uma pequena ponte, entre o mundo da ciência e a Igreja. Ao longo desta ponte, não há quem vá em uma direção e quem vá em outra».

«Creio que o Observatório tem esta missão --conclui: estar na fronteira entre o mundo da ciência e o mundo da fé, para dar testemunho de que é possível crer em Deus e ser bons cientistas».
Fonte: ZENIT.org

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

rito extraordinário em latim não se opõe ao Concílio

Para os que "teimam" em dizer que Bento XVI está indo contra o Concílio Vaticano II, eis a resposta do próprio Papa!!
*****************
Bento XVI: rito extraordinário em latim não se opõe ao Concílio

PARIS, sexta-feira, 12 de setembro de 2008 (ZENIT.org).
É infundado ver na publicação do «motu proprio» sobre o rito extraordinário da missa em latim, como se celebrava antes do Concílio Vaticano II, uma volta atrás, afirmou nesta sexta-feira o Papa Bento XVI aos jornalistas que o acompanhavam durante o vôo papal à França.

Como é tradicional, o Papa se aproximou dos 70 jornalistas que o acompanhavam no avião e respondeu, durante cerca de 10 minutos, quatro perguntas, antes de aterrissar no aeroporto parisiense de Orly.

Liturgia

Diante da pergunta de se é um retrocesso para a Igreja a publicação do motu proprio Summorum Pontificum sobre o rito extraordinário em Latim na missa (7 de julho de 2007), o Papa explicou que «é um medo infundado, pois este ‘motu proprio’ é simplesmente um ato de tolerância, com um objetivo pastoral, para pessoas que foram formadas nesta liturgia, que a amam, que a conhecem e querem viver com esta liturgia».

«É um pequeno grupo, pois supõe uma formação em latim, uma formação em certa cultura. Mas me parece uma exigência normal da fé e da pastoral para um bispo de nossa Igreja ter amor e tolerância por estas pessoas e permitir-lhes viver com esta liturgia», reconheceu o Papa.

«Não há oposição alguma entre a liturgia renovada pelo Concílio Vaticano II e esta liturgia. Cada dia, os padres conciliares celebraram a missa segundo o rito antigo e, ao mesmo tempo, conceberam um desenvolvimento natural para a liturgia em todo este século, pois a liturgia é uma realidade viva, que se desenvolve e que conserva em seu desenvolvimento sua identidade.»

«Portanto, há certamente acentos diferentes, mas uma identidade fundamental que exclui uma contradição, uma oposição entre a liturgia renovada e a liturgia precedente. Creio que existe uma possibilidade de enriquecimento pelas duas partes.»

«Está claro que a liturgia renovada é a liturgia cotidiana do nosso tempo», concluiu.
(...)
Para ler o texto todo, clique aqui
Fonte: ZENIT.org

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Nome Santíssimo da Virgem Maria


A Liturgia celebra hoje, 12 de setembro, o Nome Santíssimo da Virgem Maria (Miryam, em hebraico). O objetivo dessa festa é que os fiéis possam se recomendar a Deus, de modo especial, por intercessão de Sua Santíssima Mãe, as necessidades da Igreja e as próprias necessidades, e agradecer a Deus pelas graças recebidas por intermédio de Sua Mãe.
Esta festa foi concedida na Espanha em 1513 e espalhou-se por todo o país; em 1683 o Papa Inocêncio XI a estendeu para toda a Igreja do Ocidente, como um ato de ação de graças pelo levantamento do cerco de Viena e a derrota dos turcos por João Sobieski, rei da Polônia. Na época ela foi estabelecida para o domingo dentro da oitava da Natividade de Nossa Senhora; hoje se celebra na data do triunfo de Sobieski.

O nome de uma pessoa é algo muito importante na Bíblia, pois representa a própria pessoa. Certamente São Joaquim e Santa Ana foram inspirados pelo Céu para escolher esse Nome à Virgem que seria um dia a Mãe do Redentor e nossa Mãe.

São Lucas registra: “O nome da Virgem era Maria”. O anjo enviado por Deus diz a ela: “não temas, Maria, pois achaste graça diante de Deus”.
Segundo os mariólogos o nome Miryam pode ter origens diversas: “Uns derivam o nome da raiz mery, da língua egípcia e significa mui amada. Outros dizem que provém do siríaco e quer dizer senhora, opinião de pouca solidez. A sentença mais freqüente é a que o deriva do hebraico. Dentro desta língua cabem muitas interpretações. Assim se enumeram as seguintes: “Mar amargo e rebelião; Gota do mar; Senhor de minha linhagem; Estrela do Mar; Esperança; Excelsa ou sublime; Pingue, Robusta; Amargura e Mirra”. O Cônego José Vidigal, citando Fraine, diz que “apesar de sessenta tentativas que já foram feitas a etimologia científica do nome de Maria continua incerta”.

Mais importante do que o significado exato desse Nome, é que é um Nome Poderoso, por ser o da Mãe de Deus; e que deve ser invocado sempre.
O Padre Antônio Vieira diz: “Só vos digo que invoqueis o nome de Maria quando tiverdes necessidade dele; quando vos sobrevier algum desgosto, alguma pena, alguma tristeza; quando vos molestarem os achaques do corpo, ou vos não molestarem os da alma; quando vos faltar o necessário para a vida ou desejardes o supérfluo para a vaidade; quando os pais, os filhos, os irmãos, os parentes se esquecerem das obrigações do sangue; quando vo-lo desejarem beber a vingança, o ódio, a emulação, a inveja; quando os inimigos vos perseguirem, os amigos vos desampararem, e donde semeastes benefícios, colherdes ingratidões e agravos; quando os maiores vos faltarem com a justiça, os menores com o respeito, e todos com a proximidade; quando vos inchar o mundo, vos lisonjear a carne, e vos tentar o demônio, que será sempre e em tudo; quando vos virdes em alguma dúvida ou perplexidade, em que vós não saibais resolver nem tomar conselho; quando vos não desenganar a morte alheia, e vos enganar a própria, sem vos lembrar a conta de quanto e como tendes vivido e ainda esperais viver; quando amanhecer o dia, sem saberdes se haveis de anoitecer, e quando vos recolherdes à noite, sem saber se haveis de chegar à manhã; finalmente, em todos os trabalhos, em todas as aflições, em todos os perigos, em todos os temores, e em todos os desejos e pretensões, porque nenhum de nós conhece o que lhe convém; em todos os sucessos prósperos ou adversos, e muito mais nos prósperos, que são os mais falsos e inconstantes; e em todos os casos e acidentes súbitos da vida, da honra, da fazenda, e, principalmente, nos da consciência, que em todos anda arriscada, e com ela a salvação.
E como em todas estas coisas, em cada uma delas necessitamos de luz, alento e remédio mais que humano, se em todas e cada uma recorrermos à proteção e amparo da mãe das misericórdias, não há dúvida que, obrigados da mesma necessidade, não haverá dia, nem hora, nem momento em que não invoquemos o nome de Maria”. (apud Con. Vidigal)São Bernardo, Dr. da Igreja dizia e rezava assim: “Seguindo-a não te desviarás”:

“Maria é essa Estrela esplêndida que se eleva sobre a imensidão do mar, brilhando pelos próprios méritos, iluminando por seus exemplos. Ó tu, que te sentes, longe da terra firme, levado pelas ondas deste mundo, no meio dos temporais e das tempestades, não desvies o olhar da luz deste Astro, se não quiserdes perecer.
Se o vento das tentações se elevar, se o recife das provações se erguer na tua estrada, olha para a Estrela, chama por Maria. Se fores sacudido pelas vagas do orgulho, da ambição, da maledicência, do ciúme, olha para a Estrela, chama por Maria. Nos perigos, nas angústias, nas dúvidas, pensa em Maria, invoca Maria.
Que seu nome nunca se afaste de teus lábios, que não se afaste de teu coração; e, para obter o auxílio da sua oração, não te descuides do seu exemplo de vida. Seguindo-a, terás a certeza de não te desviares; suplicando-lhe, de não desesperar; consultando-a, de não te enganares. Se ela te segurar, não cairás; se te proteger, nada terás de temer; se te conduzir, não sentirás cansaço; se te for favorável, atingirás o objetivo.”

Prof. Felipe Aquino – http://www.cleofas.com.br/

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Maria


Hoje é o dia que comemoramos o nascimento de nossa Mãe Santíssima – Maria, a Mãe de Jesus! Por isso, segue abaixo um belo pensamento da fundadora dos Focolares sobre nossa Mãe!

Maria,"celeste plano inclinado"
Um pensamento de Chiara Lubich


Maria não é facilmente entendida pelos homens, apesar de ser muito amada. De fato,é mais fácil encontrar em um coração afastado de Deus a devoção a ela, do que a devoção a Jesus.É amada universalmente. E o motivo é este: Maria é Mãe.
As mães, em geral, não são "compreendidas", especialmente pelos filhos pequenos; elas são amadas, e não é raro aliás é bastante freqüente que até um homem de oitenta anos morra pronunciando como última palavra: «Mamãe».
A mãe é mais objeto de intuição do coração do que de especulação intelectual, é mais poesia do que filosofia, pois é real e profunda demais, achegada ao coração humano. Assim é com Maria, a Mãe das mães, que a soma de todos os afetos, bondades, misericórdias das mães do mundo não consegue igualar.De certo modo, Jesus está mais diante de nós. Suas palavras divinas e fulgurantes são abundância dos frutos.
Maria é pacífica como a natureza, pura, serena, suave, bela; aquela natureza longe do mundo, na montanha, na campina, no mar, no céu azul ou estrelado. Maria é também forte, vigorosa, ordenada, contínua, inflexível, rica de esperança, porque na natureza é a vida que refloresce perenemente benéfica, ornada pela beleza vaporosa das flores, generosa na rica abundância dos frutos.

Maria é simples demais, próxima demais de nós para ser "contemplada".

Ela é "enaltecida" por corações puros e enamorados que assim exprimem o que neles há de melhor. Traz o divino à terra, suavemente, qual celeste plano inclinado que, da vertiginosa altura dos Céus, até à infinita pequenez das criaturas. É a Mãe de todos e de cada um, a única que sabe balbuciar e sorrir para o seu filho de um modo único e tal que, embora pequeno, cada um já sabe apreciar aquela carícia e responder com o seu amor àquele amor.

Não compreendemos Maria porque está demasiadamente próxima a nós. Ela, destinada pelo Eterno a levar aos homens as graças, jóias divinas do Filho, está ali do nosso lado e aguarda, sempre com esperança, que percebamos o seu olhar e aceitemos a sua dádiva. E se alguém, por sorte sua, a compreende, ela o arrebata para o seu Reino de paz, onde Jesus é rei e o Espírito Santo é o hálito daquele Céu. Lá, purificados de nossas misérias e iluminados em nossas trevas, haveremos de contemplá-la e dela fruir, paraíso adjunto, paraíso à parte.
Aqui, mereçamos que ela nos conduza pelo "seu caminho", para não permanecermos mesquinhos no espírito, com um amor que só é súplica, imploração, pedido, interesse, mas, conhecendo a um pouco, possamos glorificá-la.
(da "Desenhos de luz", Cidade Nova, 1996, p. 84)

Fonte: Focolares

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

DIREITO DE NÃO TER DIREITO

Mais uma sobre o aborto, realidade triste.
Abraços e bom fim de semana.
João Batista
**************


DIREITO DE NÃO TER DIREITO


Se a mesma notícia se referisse ao comportamento das tartarugas marinhas certamente teria impactado muito mais a opinião pública. Mas como alude ao comportamento humano, e mais particularmente a um problema diretamente causado por uma das vedetes da revolução-cultural feminista (diga-se sem rodeios, o direito ao aborto) passou batida mesmo.
Trata-se da constatação aterradora feita pela organização britânica ActionAid de que na Índia o número de meninas caiu ao seu nível histórico. Graças à cultura seletiva e à política pró-aborto quase irrestrita indiana, a proporção de meninas em províncias como a de Punjab chegaram a incríveis 300 para cada mil meninos. Significa dizer que em algumas regiões 2/3 das meninas que deveriam existir simplesmente não estão lá. Escolas, pátios, ruas, e só se encontram meninos. Estima-se que na Índia em 20 anos cerca de 10 milhões de meninas foram voluntariamente abortadas.
Não é preciso grande esforço para concluir que as perspectivas para este país são desesperadoras. Qualquer sociedade em desequilíbrio de gênero segue mal das pernas e em vias de caos social. O raciocínio é simples: se há escassez de homens ou mulheres, famílias não se formam, crianças não nascem, a economia retrai e o colapso conseqüente segue com a eclosão do sistema previdenciário. Muitos vivem, poucos trabalham, ninguém para pagar as contas.
O que é mais curioso nesta tragédia humanitária toda é notar como o direito ao aborto, que na ideologia feminista existe para defender os direitos da mulher, está ele mesmo a dizimar os direitos da mulher. No afã de um igualitarismo irrestrito e de direitos femininos ilimitados ao próprio corpo, vai-se conhecendo a maior discriminação prática à mulher que já se ouvir falar, àquela aonde não lhes foram concedidas nem o direito a própria existência.
Aonde estão as feministas, aonde estão os defensores apaixonados dos direitos da mulher? Silenciosos. À parte. Mas não lhes neguemos uma parcial coerência. Claro, porque uma vez que se quebrou o valor íntrinseco e objetivo do ser humano pelo simples fato de ter sido concebido, atrelou-o ao valor do relativo e do subjetivo. À luz desse novo código de ética pragmático aonde cada um tem direitos na medida da sua utilidade, quem poderá condenar uma pessoa ou uma sociedade que decide por fim a um gênero específico apenas porque no seu contexto é mais prático e rentável ter apenas um deles?
Na vida real a expressão "aborto como direito da mulher" tende assim a pura contradição, pois não pode, em absoluto, contemplar direito algum à mulher já gerada e prestes a nascer. Aliás, a esta só lhe resta a sorte e o ocaso. A prova? Grita silenciosamente através dessas milhares de mulheres indianas que deixaram de existir pelo simples fato de não serem convenientes.
É hora de entendermos, como dizia Aristóteles, que "o menor desvio inicial na verdade multiplica-se ao infinito à medida que avança"; ou contemos agora o avanço da mentira do aborto como direito da mulher, ou será a vida humana corrompida em morte multiplicando-se sem fim e sem volta para todos nós e para o nosso futuro.

Para citar este artigo:

MEDEIROS, Silvio L. Apostolado Veritatis Splendor: O DIREITO DE NÃO TER DIREITO. Disponível em http://www.veritatis.com.br/article/5446. Desde 8/15/2008.

Por Silvio L. Medeiros
Fonte: http://culturadavida.blogspot.com

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Bernard Nathanson:Quando a "Mão de Deus" alcançou o "Rei do aborto"

Bom dia!

Fiquei ausente por alguns dias, vamos voltar com um tema que anda voltando em pauta: o aborto. O texto é longo mas vale a pena ler até o final.


*******************


Bernard Nathanson: Quando a "Mão de Deus" alcançou o "Rei do aborto"


O quê pode levar um poderoso e reconhecido médico abortista a converter-se em um forte defensor da vida e abraçar os ensinamentos de Jesus Cristo?
Pode que tenha sido o peso de sua consciência pela morte de 60 mil nascituros ou talvez as muitas orações de todos aqueles que rogaram incessantemente por sua conversão?


Segundo Bernard Nathanson, o famoso "rei do aborto", sua conversão ao catolicismo resultaria inconcebível sem as orações que muitas pessoas elevaram a Deus pedindo por ele. "Estou totalmente convencido de que as suas preces foram escutadas por Ele", indicou emocionado Nathanson no dia em que o Arcebispo de Nova York, o falecido Cardeal O'Connor, o batizou.


Filho de um prestigioso médico especializado em ginecologia, o Dr. Joey Nathanson, a quem o ambiente cético e liberal da universidade o fe abdicar da sua fé, Nathanson cresceu em um lar sem fé e sem amor, onde imperava muita malícia, conflitos e ódio.


Profissional e pessoalmente Bernard Nathanson seguiu durante uma boa parte de sua vida os passos do seu pai. Estudou medicina na Universidade de McGill (Montreal), e em 1945 começou a namorar Ruth, uma jovem e bela judia com quem realizou planos de matrimônio. Porém a jovem ficou grávida e quando Bernard escreveu para o seu pai consultando-lhe sobre a possibilidade de contrair matrimônio, este lhe enviou cinco notas de 100 dólares junto com a recomendação de que escolhesse entre abortar ou ir aos Estados Unidos para casar-se, pondo em risco sua brilhante carreira como médico que o aguardava.


Bernard priorizou sua carreira e convenceu a Ruth que abortasse. Ele não a acompanhou à intervenção abortiva e Ruth voltou à sua casa sozinha, em um táxi, com uma forte hemorragia, a ponto de perder a vida. Ao recuperar-se -quase milagrosamente- ambos terminaram sua relação. "Este foi o primeiro dos meus 75.000 encontros com o aborto, me serviu de excursão inicial ao satânico mundo do aborto", confessou o Dr. Nathanson.Após graduar-se, Bernard iniciou sua residência em um hospital judeu.


Depois passou ao Hospital de Mulheres de Nova York onde sofreu pessoalmente a violência do anti-semitismo, e entrou em contato com o mundo do aborto clandestino. Nesta época já havia se casado com uma jovem judia, tão superficial quanto ele, como confessaria, com a qual permeneceu unido cerca de quatro anos e meio. Nestas circunstâncias Nathanson conheceu Larry Lader, um médico a quem só lhe obsessionava a idéia de conseguir que a lei permitisse o aborto livre e barato. Para isso fundou, em 1969, a "Liga de Ação Nacional pelo Direito ao Aborto", uma associação que tentava culpar a Igreja por cada morte ocorrida nos abortos clandestinos.


Mas foi em 1971 quando Nathanson se envolveu diretamente com a prática de abortos. As primeiras clínicas abortistas de Nova York começavam a explorar o negócio da morte programada, e em muitos casos seu pessoal carecia da licença do Estado ou de garantias mínimas de segurança. Como foi o caso da que dirigia o Dr. Harvey. As autoridades estavam a ponto de fechar esta clínica quando alguém sugeriu que Nathanson poderia encarregarse da sua direção e funcionamento. Ocorria o parodoxo incrível de que, enquanto esteve diante daquela clínica, naquele lugar havia um setor de obstetricia: isto é, se atendiam partos normais ao mesmo tempo que se praticava abortos.


Por outro lado, Nathanson realizava uma intensa atividade, dando conferências, celebrando encontros com políticos e governantes, pressionando-lhes para que fosse ampliada a lei do aborto.


"Estava muito ocupado. Quase não via a minha família. Tinha um filho de poucos anos e uma mulher, mas quase nunca estava em casa. Lamento amargamente estes anos, por mais que seja só por ter fracassado em ver meu filho crescer. Também era um segregado na profissão médica. Era conhecido como o rei do aborto", afirmou.


Durante este período, Nathandon realizou mais de 60.000 abortos, mas no fim do ano de 1972, esgotado, demitiu-se do seu cargo na clínica.


"Abortei os filhos não nascidos dos meus amigos, colegas, conhecidos e inclusive professores. Cheguei ainda a abortar meu próprio filho", chorou amargamente o médico, que explicou que por volta da metade da década de 60 engravidou a uma mulher que gostava muito dele (...) Ela queria seguir adiante com a gravidez mas ele se negou. Já que eu era um dos especialistas no tema, eu mesmo realizaria o aborto, expliquei. E assim procedi.", precisou.


Entretanto a partir deste acontecimento as coisas começaram a mudar. Deixou a clínica abortista e possou a ser chefe de obstetricia do Hospital St. Luke's. A nova tecnologia, o ultrasom, começava a aparecer no ambiente médico. No dia em que Nathanson pôde observar o coração do feto nos monitores eletrônicos, começou a perguntar-se "quê estamos fazendo verdadeiramente na clínica".


Decidiu reconhecer o seu erro. Na revista médica The New England Journal of Medicine, escreveu um artigo sobre sua experiência com os ultrasonografias, recohecendo que no feto existia vida humana. Incluia declarações como a seguinte: "o aborto deve ser visto como a interrupção de um processo que de outro modo teria produzido um cidadão no mundo. Negar esta realidade é o tipo mais grosseiro de evasão moral".


Aquele artigo provocou uma forte reação. Nathanson e sua família receberam inclusive ameaças de morte, porém a evidência de que não podia continuar praticando abortos se impôs. Tinha chegado à conclusão que não havia nenhuma razão para abortar: o aborto é um crime.


Pouco tempo depois, uma nova experiência com as ultrasonografias serviu de material para um documentario que encheu de admiração e horror ao mundo. Era titulado "O grito silencioso", e sucedeu em 1984 quando Nathanson pediu a um amigo seu - que praticava entre 15 a 20 abortos por dia- que colocasse um aparelho de ultrasom sobre a mãe, gravando a intervenção.


"Assim o fez -explica Nathanson- e, quando viu a gravação comigo, ficou tão afetado que nunca mais voltou a realizar um aborto. As gravações eram assombrosas, por mais que não eram de boa qualidade. Selecionei a melhor e comecei a projetá-la nos meus encontros pró-vida por todo o país".


Retorno do filho pródigo


Nathanson tinha abandonado sua antiga profissão de "carniceiro humano" mas ainda estava pendente o seu caminho de volta a Deus. Uma primeira ajuda veio de seu admirado professor universitário, o psiquiatra Karl Stern.


"Transmitia uma serenidade e uma segurança indefiníveis. Nessa época não sabia que em 1943, após longos anos de meditação, leitura e estudo, tinha se convertido ao catolicismo. Stern possuia um segredo que eu tinha buscado toda a minha vida: o segredo da paz de Cristo".


O movimento pró-vida lhe havia proporcionado o primeiro testemunho vivo da fé e do amor de Deus. Em 1989 esteve em uma ação de Operação Resgate nos arredores de uma clínica. O ambiente dos que lá se manifestavam pacíficamente a favor da vida dos nascituros lhe havia comovido: estavam serenos, contentes, cantavam, rezavam... Os mesmos meios de comunicação que cobriam o evento e os policiais que vigilavam, estavam assombrados pela atitude destas pessoas. Nathanson ficou cativado "e, pela primeira vez em toda minha vida de adulto comecei a considerar seriamente a noção de Deus, um Deus que tinha permitido que eu andasse por todos os proverbiais circuitos do inferno, para ensinar-me o caminho da redenção e da misericódia através da sua graça".



"Durante dez anos passei por um período de transição. Senti que o peso dos meus abortos se fazia mais grave e persistente pois me despertava cada dia às 4 ou 5 da manhã, olhando a escuridão e esperando (mas sem rezar ainda) que se iluminasse um letreiro declarando-me inocente ante um juri invísivel", indica Nathanson.


Logo, o médico acaba lendo "As Confissões", de Santo Agostinho, livro que qualificou como "alimento de primeira necessidade", convertendo-se em seu livro mais lido já que Santo Agostinho "falava do modo mais completo de meu tormento existencial; porém eu não tinha uma Santa Mônica que me ensinasse o caminho e estava acusado por uma negra desesperança que não diminuia".


Nesta situação não faltou a tentação do suicídio, mas, afortunadamente, decidiu buscar uma solução diferente. Os remédios tentados falhavam: álcool, tranquilizantes, livros de auto-estima, conselheiros, até chegar a psicanálise, onde permaneceu por 4 anos.


O espírito que animava aquela manifestação pró-vida endereçou a sua busca. Começou a conversar periódicamente com Padre John McCloskey; não lhe resultava fácil crer, mas pelo contrário, permanecer no agnosticismo, levava ao abismo. Progressivamente se descobria a si mesmo acompanhado de alguém que se importava por cada um dos segundos da sua existência. "Já não estou sozinho. Meu destino foi dar voltas pelo mundo à busca deste Alguém sem o qual estou condenado, porém a que agora me agarro desesperadamente, tentando não soltar-me da orla do seu manto".


Finalmente, no dia 9 de dezembro de 1996, às 7:30 de uma segunda feira, solenidade da Imaculada Conceição, na cripta da Catedral de São Patrício de Nova York, o Dr. Nathanson se convertia em filho de Deus. Entrava a formar parte do Corpo Místico de Cristo, sua Igreja. O Cardeal O 'Connor lhe administrou os sacramentos do Batismo, Confiirmação e Eucaristia.


Um testemunho expressa assim este momento: "Esta semana experimentei com uma evidência poderosa e fresca que o Salvador que nasceu há 2.000 anos em um estábulo continua transformando o mundo. Na segunda-feira passado fui convidado a um Batismo. (...) Observei como Nathanson caminhava até o altar. Que momento! Tal qual no primeiro século... um judeu convertido caminhando nas catacumbas para encontrar a Cristo. E sua madrinha era Joan Andrews. As ironias abundam. Joan é uma das mais destacadas e conhecidas defensoras do movimento pró-vida... A cena me queimava por dentro, porque justo em cima do Cardeal O 'Connor havia uma Cruz... Olhei para a Cruz e me percatei de que o que o Evangelho ensina é a verdade: a vitória está em Cristo".


As palavras de Bernard Nathanson no fim da cerimônia, foram curtas e diretas. "Não posso dizer como estou agradecido nem a dívida tão impagável que tenho com todos aqueles que rezaram por mim durante todos os anos nos quais me proclamava públicamente ateu. Rezaram teimosa e amorosamente por mim. Estou totalmente convencido de que suas orações foram escutadas."


Fonte: ACI Digital